Quando era pequena, tinha medo de ficar sozinha na savana com um leão à minha frente.
Quando era pequena, tinha medo de ser mordida por uma cobra de água quando estivesse a tomar banho no ribeiro.
Quando era pequena, tinha medo que os bullys me fizessem mal a mim, aos meus amigos ou aos miúdos mais indefesos.
Quando era pequena, tinha medo de ir à garagem sozinha porque estava escuro.
Hoje já não tenho estes medos (excepto o do leão, vá, mas a probabilidade de tal acontecer é muito diminuta).
Hoje o meu medo é eu não poder sustentar-me trabalhando na área em que me formei.
Quando vejo notícias sobre violência doméstica, fico feliz por o tema ser discutido mas tenho pena de não estar a participar mais activamente. Quando conheço projectos que promovem a inclusão, a cooperação e a não descriminação, fico feliz por haver alguém que está a fazer um bom trabalho, mas tenho pena de não ser uma dessas pessoas. Quando vejo actividades interessantes feitas com famílias, tenho curiosidade para saber como decorreu a preparação das mesmas. Quando vejo alguém a dar uma boa formação, tenho pena de sentir que vai demorar mais tempo do que eu esperava para também eu poder partilhar com outros a minha experiência.
Mas isto não é um lamento, tão pouco sequer uma conformidade com uma realidade um pouco ingrata. É apenas uma clarificação para mim mesma de que tenho que dar um pouco mais de corda aos sapatos para que possa chegar onde quero.
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