José Raposo e Sara Barradas |
Das poucas situações que me são próximas, destaco a de uma amiga que também se envolveu com um homem mais velho (sensivelmente a mesma diferença entre estes dois) e eu demorei algum tempo a perceber porque é que passava a vida a gozar com o assunto, a cantar a música do Avô cantigas sempre que se falava no assunto ("Eu sou o Avô Cantigas, todas as crianças são minhas amigas...", ;P) entre outras piadolas e músicas como "A pipa do vovô não sobe mais..." (muito bom) e cheguei à conclusão que gozava porque na minha cabeça aquilo não me fazia sentido e só de me imaginar na situação, até me causava uma ligeira repulsa.
Hoje já sinto aqui as têmporas a alargar um bocadinho e a não me deixar levar pelas frases que quase todas as pessoas utilizam..."mas ele é muito mais velho", "tem idade para ser pai dela", "ela é tão nova e está com um homem tão mais velho", "o filho dele é mais velho que ela". Enfim, penso isso tudo à mesma. Acho curioso ela ser "madrasta" de um rapaz 3 anos mais velho que ela, da mesma maneira que acho estranho ela querer casar-se e ter filhos com um homem que já passou por isso tudo e ela ainda está mesmo na flor da juventude. Quando ela tiver quarenta, ele vai ter quase setenta...e depois? Fica ela a cuidar dele, não se vai sentir frustrada com isso?
Mas a diferença é que estes dois parece que gostam mesmo um do outro. Até aqui eu achava que estas relações eram causadas sobretudo por atracções irresistíveis (nós gajas e os homens mais velhos é um perigo iminente e vice-versa) mas que não passavam disso mesmo...a consumação da atracção e pronto. Porque depois outros factores iriam impedir o assunto de se tornar mais sólido e duradouro (o facto de estarem em fases de vida diferentes, o trabalho, os filhos, por aí...).
Mas afinal...o amor não escolhe mesmo idades. E, por mais estranho que eu ache isso, se duas pessoas, em plena capacidade da sua mioleira, sensatez e maturidade, decidem juntar-se e ser felizes as duas, pois eu então só me resta desejar-lhes isso mesmo.
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