segunda-feira, junho 04, 2012

Cachopos

Eu e as crianças temos uma relação interessante. Não sei se é por ainda ter cara de miúda e eles identificam-se com isso, ou se é porque tenho algum jeito e gozo para lidar com elas. Quando me deixam sozinha com os miúdos, eu perco-me.

Ontem estava com cinco à minha volta, a mostrar-lhes as fotografias da Disneyland e a contar-lhes o que vi por lá e quando fiz a descrição do dragão que está na caverna por baixo do castelo da Bela adormecida, com uma certa interpretação teatral, de como ele tinha os olhos vermelhos, de como ele deitava fumo das narinas, e como ele mexia as garras e o rabo pontiagudo dentro de água, deliciei-me a olhar para a cara de um deles com os olhos arregalados a olhar para mim. Eheh. E quando lhes descrevi como era o elevador do terror e quando fiz um gesto e som bruscos para lhes mostrar como era a queda, eles davam um salto e seguir riam-se que nem uns perdidos.

Hoje estive com duas miúdas, de 7 e 10 anos, que já não via há 6 anos (apesar de morarem aqui perto) e só me lembrava da mais velha quando era bebé. E bastou estar uma tarde com elas para quando a mãe delas me perguntou "queres jantar cá?" elas ensanduicharam-me, literalmente, a dizer "fica fica" e ajoelharam-se as duas (também com algum teatro), com as mãos em sinal de súplica, a olhar para mim para eu lá jantar. Eu, perante tal cena engraçada, não podia senão aceitar.

Gosto mesmo de cachopos. Gosto do pensamento que eles têm, da liberdade (embora condicionada, mas maior que a nossa), da espontaneidade. Quando estou em baixo, se estiver com miúdos à volta, até me esqueço dos meus pequenos problemas. Achei piada a quando a mais nova me foi mostrar bocados de fita cola que ela colou a uma verga de madeira, porque estava rachada ao meio. Ou quando estava com a cabeça baixa junto à toalha da mesa e, quando lhe perguntam "O que é que estás a fazer?" ela diz que estava a falar com a toalha. E estava mesmo, não era só para se armar em engraçada. E consta que às vezes contava segredos às paredes (isto faz-me lembrar uma música qualquer...). É aquilo que em psicologia se chama, se não me engano, o antropomorfismo dos objectos, ou algo parecido.

E para comemorar este meu afecto por criaturas pequenas e sonoras...fica aqui uma foto que eu gosto muito.



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