segunda-feira, maio 07, 2012

Considerações sobre o futuro

Como parece que encontrar trabalho na minha área se está a revelar uma missão impossível para os próximos tempos, eu ponho-me a pensar noutros projectos nos quais também gostaria de enveredar. Para além do projecto dos bolos decorados que já levo a cabo e que me dá muito trabalho, mas também muito gozo fazer, eu e o meu rapaz também sonhamos com outro projecto mais alargado.

Com o nosso bom gosto (modéstia à parte) e rigor, com a minha vontade para trabalhar na área da restauração e pastelaria e com o gosto que o meu rapaz tem em trabalhar na horta, já nos pusémos a imaginar um espaço onde conjugaríamos este nosso gosto pela boa comida e pelos bons ingredientes, produzidos por nós, pelo moderno e pelo tradicional, pelo nacional e pelo internacional.

Por outro lado, também já pensei que isto de trabalharmos os dois no mesmo sítio pode ser desastroso, por dois motivos: primeiro, porque tenho ideia de que misturar família com trabalho às vezes não dá grande resultado. Às páginas tantas, a nossa relação transforma-se num amor à estalada, em que já não queremos olhar para as fuças um do outro, porque precisamente estivemos todo o dia a olhar para as fuças um do outro.
Por outro lado, e creio que talvez este tenha mais peso, é a questão económica. Lembro-me do Herman José, que é quem é (falta de clientela não me parece que tenha sido um problema) dizer que abrir um restaurante era uma terrível decisão, que era só dores de cabeça (a propósito do seu Café Café, que com muita pena, nunca visitei). Ora abrir um espaço destes nesta altura do campeonato seria bastante ambicioso, para não dizer muito insensato. Se por acaso o nosso espaço fosse à falência, ía a família toda à falência, o que se tornaria ainda mais grave no caso de termos cachopos.

Mas partindo do pressuposto que até correria bem, colocam-se outras questões, sobretudo do sítio onde implementaríamos este espaço. Não somos grandes amantes de cidades grandes, gostamos de paz e sossego, de vizinhança (creio que somos uns jovens atípicos). Por outro lado, o público-alvo ao qual destinaríamos este espaço parece não se enquadrar na óptica da maioria da população, ou pelo menos é essa a ideia que nos dá. Tomando como exemplo a população de Abrantes, parece que a malta é feliz batendo o record de número de supermercados por kilómetro quadrado e que uma pastelaria com música de kizomba como fundo é que é porreiro.

Nós queremos oferecer um produto para ser degustado, duma decoração para ser apreciada e de um conjunto de valores para ser respeitado (a transparência, a cortesia, o não desperdício de comida, por exemplo). Mas por outro lado também não queremos um espaço onde só vá a classe média alta, com figos enfiados no rabo.

Em termos de produtos, queremos oferecer um menu variado e saudável, na medida do possível, mas saboroso. Com sopas, saladas, tartes (de frutas essencialmente), gelados, bolos, sumos naturais. Mas feitos por nós (tudo caseiro) e diferente do que se vê na maioria dos espaços. E queremos ter um espaço dedicado à chocolateria artesanal e aos bolos decorados. Às tantas percebemos que provavelmente seriam precisos dois espaços para pôr tanta coisa.

Enfim, ainda é uma ideia muito embrionária, mas embora por esta descrição não pareça, seria um espaço que iria contrastar com muitos outros, e seria totalmente único numa cidade como Abrantes, por exemplo. A vida ficará encarregue de nos dizer se isto será ou projecto viável ou não.

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