domingo, setembro 08, 2013

O meu cão e as festas populares

É uma mistura que não combina muito bem.
Eu já não sou assim grande fã de festas populares. Talvez seja por fases.
Na fase da infância adorava-as porque andava a brincar com os meus primos a correr por entre as pessoas e a pedir aos nossos pais dinheiro para comprar coca-cola e sumo. Enquanto nós bebíamos sumo, os homens bebiam minis e eu sempre me questionei porque é que não via a namorada do Mickey em nenhuma bancada das festas. Lá deve ter chegado o dia em que me apercebi que uma mini era uma cerveja pequena e não a Minnie. Deve ter sido um dia triste.
Na fase da adolescência repudiava-as vivamente. Não é comum sequer ver-se adolescentes a dançar nestas festas. Não é fixe, é foleiro, é seca e é uma cena de cotas e de crianças. O que é giro é a malta ir para os mega festivais embebedar-se, pagar imenso dinheiro, andar aos encontrões, ir à casa de banho e tentar não tocar em lado nenhum por causa da javardeira circundante e ver uns gajos muitos fixes a tocar mas vê-los do tamanho de um amendoim ou, na possível hipótese de nem sequer os conseguir ver, ficar a olhar para dois ecrãs.
Na fase da pós-adolescência, voltei a achar graça às festarolas enquanto momento para aparvalhar e dançar uma música que embora fácil e repetitiva, eu revelei-me perita em pisar pés.
Este ano encaro-as como arroz doce. Como uma ou duas vezes por ano e fico satisfeita. Mais que isso e enjoa-me. Principalmente porque não há grande inovação no repertório de músicas de ano para ano e, pior um pouco, introduzem-se umas variantes que de música popular já nem têm nada e que são um incómodo para os meus ouvidos. Aquela do "dançando o kuduro" é um excelente exemplo. É preciso uma pessoa estar mesmo bem rodeada de amigos para tornar aquilo divertido.
Ah, mas a propósito do meu cão, dá-me então ideia que nestas alturas o bicho fica mais irrequieto e é também nestas alturas que a malta decide parar o carro aqui ao lado da minha casa com mais frequência. O motivo por vezes nem sei. Mas convencer o meu cão de que não é preciso ladrar que nem um desalmado só porque está um carro parado é o mesmo que pregar aos peixes (com a devida excepção do padreco).
Ando há dias para aprender a fazer uma fisga para ver se ele se cala quando decide ladrar às 4h da manhã. E se houver para aí algum protector/a de animais fanático/a pode acalmar a pipoca que ninguém aqui está a dizer que se vai atirar pedras ao bicho.
Bom, mas um dia destes, ou melhor, uma noite destas, o cão ladrava, ladrava, ladrava e durante uma meia hora não se calou. Eu assemelho um bocado os ladrares do meu cão aos choros de um bebé (embora eu não perceba muitos de bebés, mas já percebo um bocadinho mais do que há 5 meses atrás). À semelhança dos choros dos bebés que os pais sabem identificar como choro de fome, cólicas, chamada de atenção, whatever, eu também sei identificar os ladrares do meu cão, consoante a razão. 'Tou aqui tou a aparecer ao lado daquele senhor que é o encantador de cães, ehehehe.
Há o ladrar de comunicação com os cães vizinhos, há o ladrar para um coelho que aparece no meio do quintal, há o ladrar de satisfação quando vêm os donos (ah espera, este é o do vizinho) e há o ladrar de quando passa alguém por perto.
Num domingo de madrugada, já o sol a nascer e ninguém conseguia dormir porque o bicho não se calava. Tivémos que ir lá fora perceber afinal o que se passava até que finalmente percebemos a razão.
Estava um fulano, sentado no passeio, encostado ao muro da minha casa, com a cabeça baixa (e por isso só o conseguimos ver quando espreitámos acima do muro). Só lhe faltava o sombrero. A diferença é que esta "siesta" deve ter sido altamente patrocinada pelas tais "minis" que não são a namorada do Mickey, lá de cima da festa.
Virei-me para o meu rapaz e perguntei-lhe o que deveríamos fazer, se chamávamos alguém, se falávamos com o moço, enfim. Como nem eu nem ele tivémos grande vontade de acordar o fulano (gajos desconhecidos bêbados assustam-me), não fizemos nada e deixámos o fulano a dormir à mexicano. Fiquei ligeiramente preocupada não fosse o gajo entrar em coma alcoólico, mas sinceramente, nestas coisas também sou pouco condescendente. Quem apanha uma piela, tem que aguentar com ela (é a minha teoria).
Felizmente o mocinho lá deve ter acordado e foi para casa porque de manhã já lá não estava.
Fim de conto.

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