Nesta história entram 6 personagens principais:
- A operadora da Brisa irritante
- O senhor da Brisa negligente
- O operador da Assistência em viagem - bonzito
- O ucraniano do reboque - bonzito
- O taxista frustrado
- Eu, que devia ser a única frustrada, uma vez que eu é que fiquei empascada.
Estava eu sossegadinha a conduzir o meu Renault Clio em direcção a Lisboa, quando o carro acende uma luz que eu desconhecia. Pensei cá para mim que não devia ser nada grave e parava assim que pudesse para ver o que seria aquilo.
Cheguei então à portagem de Torres Novas para tirar o ticket, quando arranco o carro começa-me aos pinotes e não anda com a terceira. Encostei. Já sabia que estava o baile armado.
Inexperiente nestas coisas, liguei à Brisa para me ajudarem. Ah se eu já soubesse de antemão o que o senhor ucraniano me dissera depois ("Brisa non faz nada. Sô quer estrada limpa."), teria poupado uma data de trabalho.
À senhora da Brisa que me atendeu, só me apetecia apertar-lhe o pipo.
Eu ali a tentar manter-me calma e a gaja a falar à pressa, a interromper-me e depois mandou-me ir dar um passeio pela berma da auto-estrada para ver exactamente onde eu estava, quando eu lhe tinha dito que estava logo a seguir à portagem de TNovas. Haverá assim tantas ??
Não, vá lá dar um passeiozinho ao relento a levar com as apitadelas dos camionistas, que é tão agradável.
Eu disse-lhe "Oh minha senhora, desculpe lá, mas eu entro em pânico a andar na berma da auto-estrada.", ao que a senhora me diz "Ah pois compreendo..." - O "compreendo" mais falso que ouvi até hoje. Puta.
Depois de ligar para a senhora irritante da Brisa e resolver o assunto, passado um bocado aparece o senhor negligente.
Negligente, porque depois de dar lá uma vista de olhos no motor disse para eu arrancar. Fiquei a olhar para ele com cara de parva a pensar "Este homem está mesmo a falar a sério". Disse-lhe que não ficava nada descansada com tal recomendação, mas o senhor, de tão prestável que era, não adiantou grande coisa. Disse para ir e que se voltasse a acontecer que parasse à berma, esperasse um bocadinho e voltasse a tentar.
Eu assim o fiz. Claro que o carro andou 200 metros e voltou a fazer o mesmo. Aí comecei a ficar mesmo nervosa, porque agora estava dentro do caracol. Os carros passavam por mim, e o meu carro abanava. E estava a anoitecer. E o homenzinho negligente lá atrás, a tirar burriés do nariz com certeza, porque demorou uma eternidade a vir ter comigo novamente. Grrr.
Adiante, depois de não sei quanto dinheiro gasto em ligações para a assistência em viagem da seguradora (sim, que o sr negligente disse-me então para eu fazer isso, depois de quase me ter posto em perigo outra vez, obrigada), lá chegou o sr ucraniano do reboque.
Saiu do reboque e começou a fazer uma espécie de dança com os pés. Depois saltou o raile e começou a esfregar os sapatos na relva. A primeira coisa que me disse foi "Minha patroa tem 2 cães...Acho que ficou...coisa..." (apontando para os sapatos). Pronto, haja alguém que me faça rir no meio disto.
Tirando um certo....aroma (podemos-lhe chamar "bafo d'homem") no carro, foi porreiro e tivémos a falar uns 40 minutos praí. Nunca tive tanto tempo a falar com um ucraniano.
Chegados à tal base da empresa de reboque, onde o meu carro iria ficar até à manhã seguinte (que já eram 19h e tal, as oficinas estavam fechadas), deparei-me com uma Casa grande e um portão de rede. Comecei logo a imaginar o pior cenário. Violada consecutivamente, partida aos bocados e os meus órgãos à venda no mercado negro. Mas não se preocupem, estou viva.
Eis que entra então em cena o taxista frustrado, com ar de Zézé Camarinha e voz de bagaceira, a mandar postas de pescada, que lhe pagavam pouco, que podia ter buscado a menina a Santarém, que isto foi falta de gestão, nhónhónhó nhónhónhó. Ignorei-o. Não há paciência.
A história termina na estação de comboios do Entroncamento, com o homem a dar-me um aperto de mão (que tinha dois anéis), daqueles que esmagam os ossinhos.
FIM
Moral da história: Os tugas podiam deixar de ser tão frustrados e stressadinhos e serem um bocado mais ponderados. Olhem para o ucraniano, por exemplo, que teve que vir para cá à procura de trabalho e vive numa casa velha. E ouvem-no a queixar-se? Não.
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