segunda-feira, março 26, 2012

Maria, a moldava

Quando cheguei ao parque de estacionamento do supermercado, vi uma senhora de saia comprida e cabelo atado. Pela primeira vez, demorei-me de propósito para que ela tivesse tempo de vir ter comigo, sabia que provavelmente me iria pedir uma moeda, mas eu também já sabia o que lhe ía dizer. Aquilo que digo sempre (sobretudo quando as pessoas pedem ajuda junto dos supermercados) é que não dou dinheiro, mas posso comprar algum produto que precisem.
Assim sendo, antes de lhe comprar um pack de fraldas tamanho 5, um champô, um frango assado e de lhe ter dado mais dois pacotes de leite da palete que tinha comprado, conversei um pouco com ela (como também costumo fazer), disse-lhe que Maria por acaso era um nome muito português e ela disse-me que também havia o nome Carolina na Moldávia (mas com K, suponho eu).
A Maria, daquilo que me contou e dos outros casos semelhantes que tenho conhecido, é mais uma imigrante de leste que vem para Portugal com uma falsa esperança de que por cá vão encontrar trabalho e uma vida melhor. Em vez disso, têm que se sujeitar a viver em condições muito precárias e o marido ou não consegue trabalho ou então é explorado, pois o facto de serem ilegais muitas vezes faz com que os idiotas dos empreiteiros (ou engenheiros, não sei bem) não lhes paguem.
Eu gostei da Maria, não pelo facto de me ter chamado "amiga" umas oito vezes ("Obrigado, amiga"), mas porque achei-lhe mesmo piada, "conectei-me" com ela. Sei que ela precisava mesmo do que lhe dei e fiquei um pouco mais feliz por saber que ela hoje não ía para casa de mãos vazias. Indiquei-lhe um sítio e uma pessoa onde se poderia dirigir para pedir ajuda. E naquele dia foi o que eu consegui fazer pela Maria.

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