terça-feira, janeiro 03, 2012

Antena livre, uma rádio como você já gostou

Para quem não conhece, a Antena Livre é a rádio local de Abrantes, uma rádio que eu dantes gostava de ouvir. Orgulhava-me de pensar que, ao contrário das outras rádios populares (Cidades, comerciais e afins), a Antena Livre passava boa música, agradável, tanto estrangeira como portuguesa (e inclusivamente de bandas locais).

Hoje em dia, infelizmente, sinto que a rádio está a perder qualidade no que diz respeito à música. Mas não só. Para perceber se era implicância minha, um dia perguntei a um colega (de Lisboa) que ía comigo no carro, se ele achava que a fulana que estava a ler as notícias (isso mesmo, a ler) tinha algum jeito para ser locutora. Ele abanou a cabeça e fez uma careta. Eu sempre que a oiço penso "Caramba, até eu tinha mais jeito para fazer isto!".

Se não estou enganada, a voz é de uma fulana que foi da minha turma na escola secundária. Até aí nada de errado. Podia ter tirado um curso qualquer ligado à área (mas na altura até constava que a rapariga queria ir para psicologia...), mas, o que é curioso, ou talvez não seja assim tão curioso, esta mesma rapariga, que tem a minha idade, e não sei ao certo que formação (a ver pelo seu talento de narração, muito pouca) tornou-se também, pasme-se, directora do jornal local. Não é colaboradora, jornalista, editora ou fotógrafa. É directora. Enfim, deve ser coincidência.

A juntar a isto, e isto talvez seja mesmo implicância minha, não percebo como é que numa terra com tanta gente, o monopólio intelectual vai sempre parar ao mesmo (que era também o anterior director do jornal).

Bom, isto na verdade, são sensações. Mas são sensações que eu tenho desde que vim para Abrantes, com seis anos. E curiosamente, não sou a única a tê-las. Não querendo ser ingrata, mas já são vários os casos e pessoas que conheço que me demonstram que existe aqui de facto uma divisão social. Há os conhecidos e os desconhecidos. Os filhos dos conhecidos, e o resto. E o resto não interessa. Eu sou uma desconhecida. Talvez por isso não me tenham dado o mínimo crédito quando uma vez demonstrei interesse em saber mais sobre a rádio. Responderam-me de forma bastante arrogante, como quem enxota uma mosca incómoda, mas talvez o fulano estivesse apenas de mau humor naquele dia. Embora me questione para quê ter uma barraquinha a representar a Rádio nas festas da cidade, se os eleitos para a conhecer são seleccionados a priori.

Enfim, tudo isto são sensações. Provavelmente, são apenas coincidências.

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