Parabéns avó!

É uma relação amor ódio, quase, vá. Estamos frequentemente à bulha, e a maior parte das bulhas dá-nos um gozo enorme, porque esta diferença de gerações é uma fonte inesgotável de desentendimentos e opiniões completamente abismais. Os restantes desentendimentos às vezes acarretam um certo dissabor, mas são sempre muito bem faladinhos e depois, já nem nos lembramos.

Podia aqui escrever um pequeno livro sobre a minha avó, mas o que importa aqui é que, como ela um dia destes estica o pernil, é sempre ternurento dedicar-lhe um post no blog. Sim, esta é uma coisa extremamente mordaz de se dizer. Se forem pessoas atentas, perceberão que isto é uma forma de dizer "como me vai custar um bocado quando ela se for embora, esta é a forma mais irónica que eu tenho de lidar com a situação". Uma pequena fatia da minha psicologia para vocês.

Vovózinha, não obstante as ideias deturpadas que tu tens da minha vida sentimental (que troco de amantes como quem troca de cuecas), que não sei ao certo se as tens, mas adoras provocar-me, sabes, obviamente, que gosto muito de ti. Não pelas coisas que me dás, que foram e continuam a ser muitas, mas por seres minha avó e porque sei que gostas de mim, embora a tua forma de o mostrar por vezes seja oblíqua.

Contigo aprendi que as pessoas com o signo leão são ossos duros de roer e altamente desafiantes, logo, são óptimos para eu sacar de todo o meu sarcasmo e espécie de diplomacia. Gosto tanto.
Contigo aprendi que muita coisa se pode aprender com as pessoas mais velhas e que é essencial compreender a diferença do antes e do agora. Não quer isto dizer que o saber tradicional é o que sempre prevalece.

E agora tenho que parar de escrever senão isto transforma-se num testamento. Uma pessoa próxima não se consegue descrever apenas com um post.