quinta-feira, setembro 12, 2013

Resistir

Sempre que ligo o telemóvel deparo-me com uma mensagem de entrada que coloquei há uns meses atrás que diz "Remar contra a maré é difícil mas enrijece" e sempre que a vejo isso remete-me ao motivo que me levou a colocá-la lá e penso "epá, tenho que pôr aqui outra".
Isto porque me apercebi de que isso nem sempre pode ser verdade. Ou será que pode? Na situação que me levou a pôr essa frase, eu estava convencida de que iria ganhar uma luta, ou pelo menos de que não a iria perder, porque estava do lado da razão (disso continuo confiante). E depois deste tempo que passou, por vezes fico francamente pessimista e tenho que conformar-me (contrariada) com a situação de assistir a injustiças e a um sistema podre, mas que por ser tão forte e ter o pão e o queijo na mão, não dá para cair na ilusão de que pode ser alterado. A ser alterado, é preciso um conjunto de circunstâncias muito especificas e raramente é o caso.
Creio talvez ter herdado uma questão genética que me permite dar bons conselhos a outros, encorajadores mas com as devidas cautelas que seriam muito bons comigo, mas quando estou eu perante decisões (de todos os dias), a emoção tolda-me o raciocínio e vejo a coisa muito mais negativa do que ela é, em vez de continuar a avançar em força. É como se por cada pedra que encontro pelo caminho, demorasse mais tempo a recuperar e tivesse sempre que parar para descansar. Quanto mais pedras, mais paragens e menor a velocidade. E quase me esqueço de olhar para cima e ver que para além das pedras, também tenho por vezes algumas sombras, uma brisa fresca e um destino no horizonte.
Mas eu teimo em fixar-me nas pedras e sou capaz de perder o meu tempo a fazer dissertações internas sobre as pedras. E isso não pode ser.
Portanto, vendo bem, talvez nem precise de alterar a frase. Talvez só precise de substituir a palavra "maré" pela palavra "pessimismo". Que é o que me anda a atrasar na viagem.

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