Hoje estou...arrebatada.
A pessoa com quem eu mais gostava de estar no meu local de trabalho sentiu-se desrespeitada, com razão, e não pretende pôr mais lá os pés. Metade do meu coração fica feliz por ela porque sei como andava saturada e porque desejo que seja feliz noutro sítio, a minha outra metade está...triste.
Está triste porque essa mesma metade do meu coração ainda acredita que as pessoas podem ser melhores do que são, que as pessoas podem ultrapassar o ódio, a ganância, os interesses, o egoísmo. Está triste porque se apercebe que, se nos pisam, é porque nós continuamos a deixar. Porque os poucos que se manifestam em desacordo, ainda que em pleno exercício de respeito pelo outro, ainda que com razão, são abafados, não só por quem manda, mas por quem não se põe do seu lado, mesmo em igualdade de circunstância.
Até quando vamos continuar a aguentar ("ai aguenta aguenta")? Até quando vamos criticar os outros sem antes fazermos uma avaliação de nós próprios? Até quando vamos desrespeitar o outro constantemente só porque estamos de mau humor ou porque a vida não nos corre como nós queríamos?
Até quando vemos as injustiças a passar-nos diante dos olhos, algumas mascaradas, outras flagrantes e nós...sem fazer nada?
É possível discutir com respeito.
É possível discordar sem odiar.
É possível melhorar. Mas para isso precisamos de mudar.
E a mudança é demasiado lenta e nós queremo-la demasiado rápida.
Procuremos uma alternativa, porque da forma como vamos, não caminhamos para bom porto.