sexta-feira, setembro 30, 2011

Dicotomias

Desde que me reconheço enquanto ser social que sinto, tal como toda gente, os efeitos de se fazer parte de um dos lados de uma dicotomia. Rico vs pobre. Bem vestido vs mal vestido (conforme a moda). Gordo vs Magro. Branco vs Negro. Feio vs Bonito. Filho de boas famílias vs Filho de gente desconhecida. Curiosamente, eu estava quase sempre no meio.
Fazendo eu parte da classe da sociedade que está em vias de extinção - a classe média - nunca sofri particularmente com a questão das classes. Como ficava ali no meio, passava despercebida. E no entanto sempre senti - sentir mesmo, porque na verdade nunca percebi - de que havia ali uma espécie de barreira invisível que fazia com que pessoas de um dos lados da dicotomia não tivessem uma relação próxima com as do outro lado. E a percepção que sempre tive foi de que afastamento activo vinha sempre do lado mais poderoso da dicotomia, o mais aceite, o "melhor". O branco, magro, rico, bem vestido e filho de "boa" família.
E lembro-me disto desde os tempos da primária. É impressionante como estes estereótipos começam logo a ser desenvolvidos desde tenra idade. A escola primária onde andei (reparem como não digo "a minha escola") era um colégio religioso, cuja boa parte dos alunos provinham de estratos sociais mais "elevados". E eu com 6 anos sabia lá o que era um "estrato social mais elevado". E contudo...sabia. Não só sabia como curiosamente, as pessoas com quem mais tinha atritos eram justamente essas. E sempre assim foi, até hoje. Com as devidas excepções.
Apesar de este ser um colégio com poucas turmas e normalmente isolado do exterior, funcionava como ATL de outras escolas. Lembro-me de estar no recreio (que tinha um escorrega cuja funcionária só deixava andar quem ela queria, quando queria) e virem duas meninas, gémeas acho eu, mais pobres (e isto percebia-se devido às roupas que utilizavam e a outra série de factores, como o isolamento, as pessoas com quem se davam, talvez até a forma como eram tratadas pelos adultos, quem sabe) que vieram ter comigo e perguntaram-me "Queres ser nossa amiga?". Eu fiquei a olhar para elas por uma fracção de segundo, em que pensei estupidamente "Mas elas são diferentes. Elas fazem parte do outro grupo." E depois penso que disse que sim e lá fui brincar com elas. Ou talvez não, talvez me tenha deixado levar pelo preconceito idiota e evitei-as. Não me lembro. Só me lembro deste pequeno momento. Anos mais tarde percebi o quão doce e inocente foi aquela pergunta, e até mesmo original...E chego a sentir-me culpada se porventura as ignorei.
Enfim, como estes há tantos outros exemplos. Um dos melhores exemplos para perceber, entre miúdos, quem são os populares e quem não é, é observar as aulas de ginástica e pôr 2 putos a escolher equipas. E observar quem são os primeiros a ser escolhidos e quem fica para o fim. E a seguir pensar em que é que isso afecta a auto-estima dos primeiros e dos últimos. Estes últimos, até podem ser potenciais Nelsons Évoras ou Fernandas Ribeiros, mas quando somos deixados para o fim uma vez, sabemos que muito provavelmente seremos deixados para o fim na próxima...and so on and so on. E isto torna-se uma pescadinha de rabo na boca.
Só de pensar que me pus a pensar nisto depois de ter estado num grupo de pessoas que não conhecia e sentir ali algo que eu não consigo explicar, e depois ter visto uma parte de um filme dos Flinstones, em que o personagem principal (o do yabadabadoo) começa a dar-se com a personagem que depois fica mulher dele, que vem de uma família abastada. Nisto, outra personagem desse meio abastado pergunta ao Fred (acho que é Fred) onde ele trabalha. Este responde-lhe que é funcionário numa pedreira. O outro ri-se, conta aos outros, que também se riem e vê-se o Fred a diminuir progressivamente até ficar do tamanho de uma batata. E pronto, aqui está explicadinho o que é aquilo de que já há 5 anos ando a ouvir falar...exclusão social e baixa auto-estima.
Era bonito viver num mundo onde as pessoas olhassem umas para as outras de igual maneira nao? Independentemente de estratos sociais. Mas parece que tal não é possível. Resta-me a mim tentar pelo menos incutir estes valores nas crianças com quem lido, nos meus futuros filhos, tal como a minha família me ensinou e de que muito lhes agradeço...Sobretudo à minha avó, pois sempre que eu fazia um comentário irreflectido a alguém, ela dizia-me algo como "lá porque aquela pessoa é pobre ou tenha a roupa suja, não quer dizer que ela seja má pessoa...merece tanto respeito como qualquer outra".
E é isso. E agora vou ali buscar um lenço para enxugar a cara, que isto deixou-me triste.



quinta-feira, setembro 29, 2011

Vantagens do Meo

Para além de poder passar à frente a publicidade toda, gravar o que quero, ainda tenho oportunidade de ver cenas parvas como esta em primeira mão, e fazer replay over and over again. E depois ainda vou chamar a minha mãe e digo-lhe "oh mãe, anda aqui ver uma coisa parva". Ela acede ao meu pedido, ri-se e ainda acrescenta "ele é adepto benfiquista e foi bater no boneco verde!".

Que pena aqui não se ouvir o "poc" que ouvi na tv quando o fulano embate no semáforo. Está quase tão viciante como o outro vídeo parvo do "Eh Marine!".

terça-feira, setembro 27, 2011

Que (des)prazer, não cumprir um dever

É impressionante a quantidade de coisas que eu descubro para me ocupar a mente em vez de fazer aquilo que tenho mesmo que fazer e que já deveria ir a meio. E curiosamente nem estou no Fb nem a jogar. Preciso de solucionar este problema.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Passadas quase duas décadas...

É que eles lançam umas capas bonitas (e não infantilizadas) para os livros. Ora xiça, já se podiam ter lembrado disso há mais tempo. Troco os meus todos, com rabiscos e nódoas de sumo e chocolate + a ordem de fénix em inglês (us) por toda colecção dos novos.


Neste esqueceram-se de pôr as letras típicas. How dare you?

Oração

Querido Santo Qualquer,

Por favor, fazei com que a presença de um suposto colega de faculdade num programa de qualidade extremamente duvidosa não manche a reputação da minha profissão ou faculdade mais do que já está.

Obrigada.

Feelings

Abrantes sem ti perde completamente a graça.

Um jardim de surpresas

Quando uma pessoa pensa que ele já disse tudo o que tinha a dizer, eis que ele nos surpreende novamente...pela calada. Pois é Betinho, parece que afinal não és muito diferente "daqueles bastardos do contenênte, para não ter de lhes chamar filhos da puta" (em sotaque madeirense, soa maravilhosamente).

sábado, setembro 10, 2011

Para quando Santa Apolónia Evax?

Estação Baixa-Chiado do metro de Lisboa chama-se agora PT Bluestation. 

Está tudo em crise, já sabemos. E obviamente, se eu fosse responsável por uma marca qualquer, faria o mesmo que o fulano da PT fez ao metro da Baixa. Nós temos, vocês precisam, juntamos aqui os trapinhos e no fim de contas, ficamos todos a ganhar.

Mas não sei se me agrada propriamente que agora os nomes das estações de metro (que localizam os sítios onde está o metro, dá jeito que assim continue a ser) sejam agora invadidos com publicidade. Já me basta ter que levar com ela nos restantes locais do metro. Não tarda nada estamos a ouvir publicidade a toda a hora enquanto vamos no transporte. Xiça penico, haja alguma moderação. Querem oferecer serviços? Pois sim senhor, ponham lá a internet, a mim é-me um bocado indiferente, uma vez que não ando com o portátil ligado no metro. Mas será mesmo preciso estarem a mudar o nome da estação?

Resta saber....para quando uma "Estação Santa Apolónia Evax - Sentes-te limpa, sentes-te bem"? ou "Estação Oriente, tomas prozac e ficas contente"? ou uma "Estação Marquês de Pombal - só és fixe se beberes Ucal"?

sábado, setembro 03, 2011

Espírito criativo a florescer


Isto foi para experimentar uma bisnaga de chiclate.


Secret Story 2

NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOO!

Importação em demasia

Quando eu pergunto às senhoras da secção da fruta do supermercado se as maçãs fuji (que são as minhas preferidas) vêm de Portugal ou quando dou primazia aos produtos portugueses (sobretudo hortícolas e frutícolas), as pessoas devem achar que sou chatinha, esquisita ou coisa que o valha.

É ridículo importarmos tanta fruta e tantos legumes de outros países. Eu não percebo um cu de economia, mas sei que, não só ficamos mais mal alimentados, porque os produtos de fora até costumam ser piores que os nossos em termos de sabor, como nos estamos a prejudicar. Estamos a acabar com postos de trabalho (e a evitar que mais se criem) e estamos a gastar mais dinheiro desnecessariamente.

Confesso que aqui há uns tempos a agricultura era coisa que não me interessava minimamente. Cresci a ver os meus avós de cu para o ar a apanhar batatas e aquilo fazia-me impressão. Sobretudo por causa das dores de costas :P. Mas hoje em dia penso de maneira diferente. Devíamos apostar mais na agricultura. Mesmo nós, jovens. E não necessariamente só os jovens sem formação. Pelo contrário. Tenho pena que não haja mais jovens a preocuparem-se com estas questões e se preocupem mais com os novos telemóveis e pda's ou com roupa de marca. Mais uma vez, nada contra as novas tecnologias ou com gostarmos de ter um trapinho novo. Mas não nos esqueçamos das consequências. Do modo de vida de desperdício, de não pensar no futuro, de acharmos que somos os maiores.

EUA

Os meus tímpanos estão cada vez mais sensíveis ao sotaque dos Estados Unidos. Porquê? Porque 80% daquilo que vejo ou oiço vindo de lá irrita-me. Esmagadora maioria dos filmes que passam na televisão, uma mão cheia de séries, música, etc. E tendo em conta que a maioria dos filmes, séries e música que vêm ter connosco através dos meios mais convencionais vêm de lá, levamos aqui com uma lavagem cerebral norte-americana que nem nos apercebemos, se não pensarmos nisso.

Basta tentar fazer o seguinte: Tentar procurar nos canais da tv cabo (sobretudo os de entretenimento) programas que não sejam norte-americanos. Quantos?

Não quero dizer com isto que não gosto dos produtos dos EUA. Gosto de muita coisa. Mas não compreendo porque é que, num mundo com tanta diversidade, fiquemos limitados à cultura de um continente e não nos questionarmos sobre isso.

TPC: Ler o que significa soft power e americanização. O meu rapaz elucida-me.

Gosto de comentar as notícias

Notícia 1: Victor Hugo Cardinali é mordido por um tigre durante um ensaio.

Comentário: É muito bem feita. Quem mandou meteres-te com animais selvagens, ainda que domados desde a nascença? Pelo menos admite que "o ser humano às vezes é um bocado estúpido". Menos mal. Mas ainda seria melhor se deixassem de ter a bicharada nos circos, ou, pelo menos, que os tratassem com um bocadinho mais dignididade.


Notícia 2: Paulo Bento diz que Ricardo Carvalho "desertou". Ricardo Carvalho diz que Paulo Bento é mercenário.

Comentário: Opá, que fofinhos. E fiquei estupefacta por saber que um jogador de futebol sabe o que é um mercenário.


Notícia 3: (Esta não é bem notícia, mas não importa) Anúnio do Continente já a sugerir o natal.

Comentário: Xiça penico pá. Acabámos de sair de Agosto. Mas que paranóia consumista.


sexta-feira, setembro 02, 2011