Um dos trabalhos que tenho estado a fazer ao longo do tempo com os meus velhotes tem sido a recolha dos versos populares.
Assim de repente, a título de exemplo, enumero estas três quadras:
"Quando o Rio Tejo está cheio
Vai de uma ponta à outra
Eu gosto da Maria
E não quero outra"
"Em Inglaterra fui feita
Em Portugal vendida
Se me prendem estou salva
Se me soltam estou perdida"
(esta é uma adivinha....resposta no final do post)
"Os Antónios são teimosos
São teimosos no namorar
Eu sou menina teimosa
Com um António hei-de casar!"
Estes são portanto, uma pequeníssima amostra do vasto rol de versos que aquele pessoal possui. Vai daí, após passar a limpo todos os versos até agora recolhidos (para posteriormente fazer um livrinho todo bonito com feltro e essas cenas da berra dos trabalhos manuais), fiquei inspirada e em menos de 10 minutos ocorreran-me estes:
"Eu não amo cidades
As vilas são o que prefiro
Se o betão fosse saudável
Faríamos dele o nosso retiro"
"Quem não conhece bem o campo
Não sabe o que é a paz verdadeira
Pois na beleza de uma flor
Está o segredo de uma vida inteira"
"Aos que duvidam sempre
Só tenho uma coisa a dizer
Quanto mais vocês duvidam
Mais força tem o meu querer"
"Abrantes é cidade linda
Outrora florida e bela
Só quem a conhece bem
É que sabe os defeitos dela"
Dá-me ideia que utilizando o termo "versos populares" podemos escrevinhar umas cenas a roçar a foleirice mas que têm muito mais valor porque são retrato de uma geração e de uma cultura. Quando eu for velhota, também vai chegar uma animadora socio-cultural ao pé de mim e dizer "Oh Ti Carolina, que versos tão bonitos que vomecê diz!".
Resposta: A agulha